Postei antes aqui no blog, assim como o textinho sobre Thriller. O Globo tá copiando minhas homenagens.
Clube da Esquina
domingo, 16 de dezembro de 2007
Top 10 Argentina
Acho ridículo esses textos bonitinhos e curtinhos de blog. Mas, puta, tenho que fazer um. Parece coisa de mulher. Por isso, e dessa maneira, vou escrever algumas coisas fofas de coisas aqui na Argentina. Tudo pelo Ibope!
1. Sabe aquele galão de água de 5 litros que tem água fria e quente. Aqui tem água fria e fervendo! É para a galera tomar um mate ou um chá. Queimei a boca outro dia achando que ia mornar a água. Olha, que fofinho.
2. Sabe as moedas que sempre queremos jogar fora no Brasil? Pois é, aqui neguinho vende a mãe por moeda. É que o ônibus só aceita essa merda. Nem adianta desenrolar com motorista. Sem moeda, vai à pé, parceiro.
3. As crianças são mini adultos: cabelos com cortes radicais, nextel (pi pí, pi pí), maquiagem e até um ar blazé incipiente. Dá medo.
4. Aqui o cú doce feminino se chama histeriquio. Mas, ao contrário do Brasil, onde o cú doce é só um teatro sem sentido pré-coito, aqui as nenas levam a sério o esporte. Podem amar o maluco, mas vão dificultar a situação até a última ponta. O cara tem que "remar".Por isso os argentinos, embora bem-apessoados, são todos meio manés nesse sentido (ah, e por consequencia, tarados psy que não podem ver mulher na rua). Não fodem, cara. Não fodem.
5. Aqui não há o funk, nem o pagode, nem o forró , nem a lambada, mas existe algo que congrega tudo isso em um ritmo só: a CUMBIA. Se você olhar um prêibói num carrão preto e todo filmado, com som alto. Pode crer que é cumbia. É som de branco, de villero (som de preto, de favelado), pero cuando toca nadie queda parado. Outro dia os semi-bombados da minha academia começaram a rebolar quando tocou cumbia (e acharam super masculino). Cara, é uma coisa meio eletrônica meio reggaetom, meio Calypso, meio Trinere (lembram da trinere? é assim que se escreve?).
6. As refeições não são completas. Quer dizer, para eles são. Para mim, uma carne e um arroz não é refeição. E ficam escandalizados quando eu falo que almoço tem que ter verdura, farofa (ah, intraduzível), feijão, suco (deus, como sinto falta de um suco e de um açaí). Estão em guerra, caralho? Falta comida? Então taca o dedo nessa porra, 02!
7. Em compensação não há nada como as empanadas e o doce de leite daqui. Nada. Se eu pudesse, comia isso todo dia.
8. Brasileiros são amados aqui. Até eu, que sou preto. No entanto (e vou escrever um texto sério sobre isso essa semana), aumenta a xenofobia contra bolivianos, peruanos e paraguaios. A parada é séria. É como a presença nordestina em favelas cariocas. É como a reação edmundiana que os prêis têm para com os paraíbas. Ops.
9. Aqui é o segundo lugar do mundo com mais chinês, além do Japão. Estou andando por Belgrano. De repente me vejo em um cenário do filme Os Aventureiros do Bairro Proibido (clássico da sessão da tarde com Kurt Russel no papel do caminhoneiro Jack Burton). Além de homens que soltam raios azuis pelas mãos , lá você pode encontrar galões , ou melhor, piscinas de até 20 litros de molho shoyu!!!
10. Cachorros. Acho que isso é famoso. Acho que há uma seita secreta que cultua os cães aqui. Ou eles estão comendo o mesmo arroz dos chineses. Porque estão por toda a parte. Vou comprar um queijo, numa rotisserie maneira: tem um labrador pretão na porta olhando pra minha cara. Está sempre ali. Outro dia jurei que ele me disse que o roquefort havia acabado. Vou na imigração. Cara, na imigração! Repartição pública! O que vejo? Um cachorro debaixo das pernas da atendente. Vou cortar o cabelo. Quem está do meu lado quase lendo jornal e falando de mulher e futebol com o barbeiro? Um boxer. E os passeadores já viraram atração turística. São artistas. Acho que deve ter uma faculdade de passeadores de cães aqui. Porque é só com 4 anos de estudo que se aprende a levar 45 bichos na coleira, em harmonia, desviando de carros, bicicletas, pedestres e, o mais difícil, de chineses.
1. Sabe aquele galão de água de 5 litros que tem água fria e quente. Aqui tem água fria e fervendo! É para a galera tomar um mate ou um chá. Queimei a boca outro dia achando que ia mornar a água. Olha, que fofinho.
2. Sabe as moedas que sempre queremos jogar fora no Brasil? Pois é, aqui neguinho vende a mãe por moeda. É que o ônibus só aceita essa merda. Nem adianta desenrolar com motorista. Sem moeda, vai à pé, parceiro.
3. As crianças são mini adultos: cabelos com cortes radicais, nextel (pi pí, pi pí), maquiagem e até um ar blazé incipiente. Dá medo.
4. Aqui o cú doce feminino se chama histeriquio. Mas, ao contrário do Brasil, onde o cú doce é só um teatro sem sentido pré-coito, aqui as nenas levam a sério o esporte. Podem amar o maluco, mas vão dificultar a situação até a última ponta. O cara tem que "remar".Por isso os argentinos, embora bem-apessoados, são todos meio manés nesse sentido (ah, e por consequencia, tarados psy que não podem ver mulher na rua). Não fodem, cara. Não fodem.
5. Aqui não há o funk, nem o pagode, nem o forró , nem a lambada, mas existe algo que congrega tudo isso em um ritmo só: a CUMBIA. Se você olhar um prêibói num carrão preto e todo filmado, com som alto. Pode crer que é cumbia. É som de branco, de villero (som de preto, de favelado), pero cuando toca nadie queda parado. Outro dia os semi-bombados da minha academia começaram a rebolar quando tocou cumbia (e acharam super masculino). Cara, é uma coisa meio eletrônica meio reggaetom, meio Calypso, meio Trinere (lembram da trinere? é assim que se escreve?).
6. As refeições não são completas. Quer dizer, para eles são. Para mim, uma carne e um arroz não é refeição. E ficam escandalizados quando eu falo que almoço tem que ter verdura, farofa (ah, intraduzível), feijão, suco (deus, como sinto falta de um suco e de um açaí). Estão em guerra, caralho? Falta comida? Então taca o dedo nessa porra, 02!
7. Em compensação não há nada como as empanadas e o doce de leite daqui. Nada. Se eu pudesse, comia isso todo dia.
8. Brasileiros são amados aqui. Até eu, que sou preto. No entanto (e vou escrever um texto sério sobre isso essa semana), aumenta a xenofobia contra bolivianos, peruanos e paraguaios. A parada é séria. É como a presença nordestina em favelas cariocas. É como a reação edmundiana que os prêis têm para com os paraíbas. Ops.
9. Aqui é o segundo lugar do mundo com mais chinês, além do Japão. Estou andando por Belgrano. De repente me vejo em um cenário do filme Os Aventureiros do Bairro Proibido (clássico da sessão da tarde com Kurt Russel no papel do caminhoneiro Jack Burton). Além de homens que soltam raios azuis pelas mãos , lá você pode encontrar galões , ou melhor, piscinas de até 20 litros de molho shoyu!!!
10. Cachorros. Acho que isso é famoso. Acho que há uma seita secreta que cultua os cães aqui. Ou eles estão comendo o mesmo arroz dos chineses. Porque estão por toda a parte. Vou comprar um queijo, numa rotisserie maneira: tem um labrador pretão na porta olhando pra minha cara. Está sempre ali. Outro dia jurei que ele me disse que o roquefort havia acabado. Vou na imigração. Cara, na imigração! Repartição pública! O que vejo? Um cachorro debaixo das pernas da atendente. Vou cortar o cabelo. Quem está do meu lado quase lendo jornal e falando de mulher e futebol com o barbeiro? Um boxer. E os passeadores já viraram atração turística. São artistas. Acho que deve ter uma faculdade de passeadores de cães aqui. Porque é só com 4 anos de estudo que se aprende a levar 45 bichos na coleira, em harmonia, desviando de carros, bicicletas, pedestres e, o mais difícil, de chineses.
Kaka, un jugador imparable
Kaká rompió la pelota contra o Boca. Fez um gol tranquilo e deu dois passes para a besta-artilheira Inzagui realizar os tentos. O ator e modelo Nesta completou o placar de 4 a 2.
Aqui na Argentina (pelo menos em Palermo), alguns gritos esparsados, muitos gritos dos gallinas do river, poucos cafés abertos transmitindo a partida, hijos de puta pelotudo em vozes masculinas rasgando essa manhã extremamente ensolarada. A verdade é que, fora a campanha da Nike (patrocinadora da equipe), ninguém acreditava muito no Boca. Torcedores e imprensa querem a saída do técnico Russo. Vinham se estrepando no campeonato. Riquelme da platéia. Maradona, ontem, disse que só parando Kaká é que os bosteros poderiam comemorar. Bueno, não pararam.
A transmissão na tevê, estilo rádio, não paravam de falar do homem. E ele está aqui, está ali, que maravilha, increíble, o brasileiro tá rompendo, tá rompendo, ele ganhou a partida, como é maravilhoso, como riquelme, faz o time andar e jogar, sempre pensando no companheiro, divino, imparable.
Após as derrotas inexplicáveis da seleção argentina para a brasileira, os elogios ao futebol tupiniquim cresceram. É como a sensação do vascaíno em uma final contra o Flamengo no Maracanã: bom, vocês têm razão, vice de novo (eu sou vascaíno e sofro com isso. Mas o fato virou regra). O Brasil está em alta em terras portenhas.
Kaká não morreria de fome aqui.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
A Cultura dos Enfrentamentos
Uma coisa que me espanta na Argentina, mais no sentido de estar pouco acostumado a isso do que pela surpresa negativa, é a frequência de enfrentamentos que existe entre policiais e manifestantes.
Os manifestos se dao por muitos motivos. Mais ainda em um país que tem alma avançada da cidadania (e tenta lutar por seus direitos) e o corpo atrasado e doente do subdesenvolvimento (emergente de c. é r.). Reclamar muito ainda é pouco para os problemas.
Noto também que a maioria dos reclamos envolve o bolso. Ninguém sai às ruas para falar da educaçao e do pouco investimento em tecnologia, por exemplo. Geralmente é essa relaçao: o governo ou a empresa mexeu na minha carteira.
Estou aqui há dois meses apenas e já vi protestos de professores (greve ferrenha), médicos, agricultores e, para o meu espanto e dúvida de que realmente estava vivo e sano, de, inacreditável, advogados.
Nas últimas semanas, no entanto, dois enfrentamentos foram extremamente violentos. O que me deixa um pouco incomodado é que os portenhos tratam essas pequenas batalhas, com uma certa, como dizer, naturalidade (embora essa nao seja a palavra exata. Mas é a que mais se aproxima do que quero dizer). Sim, saiu nos jornais e nas tevês. Ponto. Sem alarde.
Há alguns dias, os taxistas e motoristas de ônibus quebraram um pau tremendo com os policiais por causa de uma mudança na lei de trânsito que penalizava mais os erros da galera do volante. Cenas dantescas, de gente caída tomando pisada na cabeça, sangue pra lá e pra cá. Tragicamente engraçado ver aqueles senhores partindo para cima de jovens oficiais amedrontados (e, como medo é reaçao, violentos).
Ontem liguei a tevê e mais porrada. O canal 12 mostrou quase 07 minutos de porradaria estilo baile funk da chatuba sem colocar nenhuma narraçao. E com poucos cortes. Parecia que estávamos ali e iria voar um soco na nossa cara. A contenda, dessa vez, foi entre funcionários de um cassino e os donos do cassino. Causa: a demissao de um montón de funcionários por um cassino (e uma briga antiga entre dois sindicatos rivais também no meio. Briga que também aconteceu há um mês).
O bom é que nao é a maniqueísta relaçao legal x ilegal. Trata-se do exercício por direitos e luta contra abusos de grupos de trabalhadores conscientes e , de certa maneira, organizados.
O ruim é que se chega às vias de fato com muita rapidez. A guerra, como ausência ou falha da comunicaçao.
Democracia tem disso.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
O Muro de Chavez
O perigo de falar de Hugo Chavez é ter que cair de um lado do muro espinhento, já que as flores e os braços capitalistas parecem estar presentes em um terreno só. O terreno é a língua inflamada e panóptica de articulistas políticos e econômicos (o primeiro quando dizem virar um ditador, o segundo quando dizem virar um ditador que detém petróleo nos pés) de importantes jornais/blogs/sites brasileiros com sérias e amedrontadoras inclinações reacionárias. Nesses meios, figura-se a cara demoníaca de um presidente polêmico.
A tecla de uma letra só nos diz que Chávez é um governante populista, com pretensões e feitos ditatoriais, perigoso para a soberania de países da América Latina (e vizinhos), irascível e marketeiro. Fechou um canal de tv , mudou a constituição em favor próprio, quis mudar mais uma vez, fudeu a Venezuela.
O lado com cacos de vidro e fuzis neo-liberais é a de um homem com defeitos e erros, mas que baseia sua política em um feroz anti-imperialismo, na independência ideológica e financeira de países ditos avançados. Que fechou uma tv supostamente isenta, mas que trabalhou por de baixos dos panos por um golpe estadounidense (isso sim, uma atitude anti-democrática), que defende com unhas e dentes o petróleo de sua terra, que criou leis que aumentaram a participação popular ( e que reduziram a das empresas e domínio privado) , ou seja, que mexeu no queijo de gente semelhante a quem o critica no Brasil.
O perigo desse lado espinhento, é que o lado bonito não só o critíca mas, ao fazê-lo de maneira quase passional, legitima o poderio insano, de atitudes arbitrárias e desumanas dos países que querem manter a hegemonia no mundo. Em que cabeças os Eua não é um país ditatorial? Só porque o é para fora e não pra dentro? Por que o medo do julgamento internacional (Lula se aproximando de Chavez = Brasil como ameaça à democracia, ainda mais agora com importância e presença em combustíveis)? Por que o medo de assumir que a democracia dos países da América do Sul não pode ter como molde,exemplo e regras, a mesma usada em nações que detém novos mecanismos de escravidão, que bota sobre os pés os novos vassalos latinos, que fala de igualdades e deveres mas cria escadas e suprime os direitos?
A imprensa vai continuar tendo coragem de chamar Chavez de ditador com a atitude que teve ao perder, legitimamente, um plebsicito nacional? Em uma constituição que foi mal-interpretada e mal-divulgada pela mídia nacional?
Coloco aqui um ótimo texto sobre o lado do muro que questiona o assunto e, por isso, está cada dia mais esvaziado.
www.carosamigos.com.br
Assunto: 315ª edição (22 de novembro) - Chávez e o Império. Por Carlos Azevedo. Data: 22 Nov 2007 16:43:17 -0300 De: "Caros Amigos"
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