quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Cultura dos Enfrentamentos


Uma coisa que me espanta na Argentina, mais no sentido de estar pouco acostumado a isso do que pela surpresa negativa, é a frequência de enfrentamentos que existe entre policiais e manifestantes.


Os manifestos se dao por muitos motivos. Mais ainda em um país que tem alma avançada da cidadania (e tenta lutar por seus direitos) e o corpo atrasado e doente do subdesenvolvimento (emergente de c. é r.). Reclamar muito ainda é pouco para os problemas.


Noto também que a maioria dos reclamos envolve o bolso. Ninguém sai às ruas para falar da educaçao e do pouco investimento em tecnologia, por exemplo. Geralmente é essa relaçao: o governo ou a empresa mexeu na minha carteira.


Estou aqui há dois meses apenas e já vi protestos de professores (greve ferrenha), médicos, agricultores e, para o meu espanto e dúvida de que realmente estava vivo e sano, de, inacreditável, advogados.


Nas últimas semanas, no entanto, dois enfrentamentos foram extremamente violentos. O que me deixa um pouco incomodado é que os portenhos tratam essas pequenas batalhas, com uma certa, como dizer, naturalidade (embora essa nao seja a palavra exata. Mas é a que mais se aproxima do que quero dizer). Sim, saiu nos jornais e nas tevês. Ponto. Sem alarde.
Há alguns dias, os taxistas e motoristas de ônibus quebraram um pau tremendo com os policiais por causa de uma mudança na lei de trânsito que penalizava mais os erros da galera do volante. Cenas dantescas, de gente caída tomando pisada na cabeça, sangue pra lá e pra cá. Tragicamente engraçado ver aqueles senhores partindo para cima de jovens oficiais amedrontados (e, como medo é reaçao, violentos).


Ontem liguei a tevê e mais porrada. O canal 12 mostrou quase 07 minutos de porradaria estilo baile funk da chatuba sem colocar nenhuma narraçao. E com poucos cortes. Parecia que estávamos ali e iria voar um soco na nossa cara. A contenda, dessa vez, foi entre funcionários de um cassino e os donos do cassino. Causa: a demissao de um montón de funcionários por um cassino (e uma briga antiga entre dois sindicatos rivais também no meio. Briga que também aconteceu há um mês).


O bom é que nao é a maniqueísta relaçao legal x ilegal. Trata-se do exercício por direitos e luta contra abusos de grupos de trabalhadores conscientes e , de certa maneira, organizados.


O ruim é que se chega às vias de fato com muita rapidez. A guerra, como ausência ou falha da comunicaçao.

Democracia tem disso.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Os manifestos se dao por muitos motivos. Mais ainda em um país que tem alma avançada da cidadania (e tenta lutar por seus direitos)"

NAAAAAAAAAO!!!!
Mil vezes não.

Desisto, ee a típica babaquice clássica do brasileiro.

Como se no Brasil ninguém lutase pelos direitos. Se é assim, pq a Argetnina não evolui? Vai dar uma resposta esquerda-burra-simplesta e dizer que é por causa da oligarquia, da direita, dos EUA, do diabo a quatro?
Acho que vc está hea muito tempo sem escrever tb agora (7/11/2008) pq já se deu conta de que essa impressão é falsa - e deve estar cansaaaaaaado dela.

Talvez o povo do Rio tenha se esquecido de quanto se manifestava na cidade, com uma intelectualidade cem mil vezes mais brilhante que a dessas pampas!!!!!, pq hoje já não faz mais nada por medo. Justo um carioca dizendo isso???

NAAAAAAAAAAAAAAAAAO!

kinogirls@gmail.com