Saiu a pesquisa sobre os gastos em educação feita pela OECD, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, . Além da conclusão já sabida que investimos pouco, muito pouco, no setor fundamental e médio (o pior entre os 34 países estudados), um dado que precisa nos fazer pensar: gastamos bem com os universitários. O Brasil é o país com a maior diferença entre os gastos entre estudantes dos setores básicos e superiores. Mas , além dos números, o que isso pode siginficar?
Bem, não sou dono da verdade mas coloco aqui alguns fatos que podem ajudar. E, como a Internet é o suporte do dinamismo por natureza, não vou me alongar muito.
O Brasil forma poucos engenheiros. Foda-se? Não. Esse dado nos diz que não há uma orientação educacional nas universidades nacionais. O capitalismo é a elegia do livre-arbítrio, mas alguma coisa está errada se pensarmos que as mentes brilhantes que saem de nossas academias não usem suas mentes brilhantes para as demandas do país. É como formarmos strippers gostosas em terra de homossexuais. Ou churrasqueiros numa tribo vegetariana. A informação não excita e apodrece. Do total de formados, apenas 5% são engenheiros, de acordo com o ibge 2005. Embora nerds, racionais extremos, espinhentos e incrivelmente chatos, eles são fundamentais para a estruturação urbana, desenvolvimento tecnológico e outros nomes compostos na indústria. Nos números da OECD divulgados esse ano, 69,8% dos brasileiros universitários cursam as ciências sociais, humanas e de negócios. Engenharia ? Apenas 4,5%. Física e matemática, 7,9%. Mais ainda.
De acordo com o Ibge, em 2005, cinco cursos de baixo custo representam 46,3% dos alunos universitários brasileiros, ou seja, quase metade (administração: 14,9%; direito: 12,8%; pedagogia: 9,3%; letras: 4,7%; e comunicação: 4,6%). Se os cursos de baixo custo formam metade do scratch canarinho, por que e onde gastamos muito com universitários? Com a tecnologia? Mas como se quase não formamos especialistas nas áreas caras? Essa pergunta fica mais intrigante quando vemos que praticamente metade dos que ingressam não se formam e, mais, dos que se formam, 53% não trabalha na área que suou tanto para concluir. Então gasta-se por nada? E que tipo de universitários formamos? Que mão-de-obra temos? Para onde vai o dinheiro da vovó? Quem achou o conhecimento que gastamos muito para ter?
Brincadeiras à parte, tais dados devem nos fazer questionar não só sobre um plano educacional, uma orientação do estado para a mão-de-obra que se forma, mas também até que ponto usamos os recursos públicos para servir a uma lógica privada, ou seja, será que gastamos muito formando jovens para que eles não retornem esse conhecimento apreendido para o país, mas sim para grandes empresas transnacionais?
Fora isso, onde estão especificamente esses gastos com o universitário brasileiro se as universidades públicas estão sucateadas? O gasto maior está nas privadas? Se estiver nas públicas (o relatório não especifica isso), é com os professores? Com a conta de luz e de gás? Com o quê? Onde se gasta se não há resultado educacional minimamente bom nas academias brasileiras? Ou será que existe esse resultado e não vemos quem formamos porque eles não trabalham com o objetivo de serem vistos por todos e sim por alguns poucos? Mais uma vez: não investindo quase nada na educação de base (o que supõe-se uma alfabetização do indivíduo, como cidadão, como ente coletivo, com o olhar do outro social, mais generalista e vasta) criamos cidadãos precários e investindo demais nas especializações (faculdades) criamos mão-de-obra manipulável desse mesmo cidadão precário?
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