sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Fangio e Cuba



O
que tem a revolução cubana com o automobilismo? Muito pouca coisa a não ser um fato que ocorreu há 50 anos e que envolve o líder Fidel Castro e um dos maiores pilotos da história: Fangio.

É isso que nos conta o La Nacion. Muito boa sacada editorial (ainda mais agora com a renúncia do querido barbudo).

O lendário corredor argentino foi sequestrado pela revolução, em pleno olho da batalha desta contra Fugencio Batista e os assanhados americanos.

O ditador (esse sim um ditador) chamou o piloto a Cuba porque queria usar o automobilismo como circenses em meio à crise de seu mandato e à ameaça cada vez mais cristalizada dos revolucionários. Fangio se preparava para jantar e um homem moreno e educado lhe disse: “Desculpe, Juan, você terá que me acompanhar”. Todos parados, frizados. O homem, impassível, lança: “Sou do Movimento 26 de Julho”. Cena de filme.

Do hall do hotel até o cativeiro , Fangio passou por uma agonia imensa ao se ver conduzido e em alta velocidade (depois soube que a fuga rendeu um acidente grave com os carros da frente). O argentino contou em seu livro que ao chegar lá deu autógrafo para o filho de uma senhora e manteve uma relação de incrível amizade com os revolucionários. Estes, por sua vez, passaram a se preocupar com a segurança do piloto. Tinham medo que Fugencio o matasse e colocasse a culpa no Movimento. Fidel, inclusive, direto da selva cubana, pagou esporro geral e desaprovou o sequestro de Fangio. Achou perigoso demais. Poderia custar a vida do argentino.

Mas tudo deu certo no final. Ele foi devolvido na embaixada de seu país e, após os anos, continuou a relação de amizade com seus próprios sequestradores.

A foto aí de cima é de Fangio com Arnold Rodriguez, o homem que o sequestrou e que se tornou pessoa importante no governo de Fidel.

Esporte vale mais quando tem história pra contar.

Matéria La Nacion

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente Cuba nunca teve nada a ver com automobilismos, pois nos registro da F1 NUNCA houve um cubano por lá, nem em divisões de base, (o Primeiro Negro foi o Lewis Hamilton em 2007)... O que me chamou a atenção (e conhecendo a Estória do Fangio) é a sua cordialidade até nas horas de perigo e o que esse perigo se tornou para ele, eu considero isso um acontecimento mais do que surreal, mas prova também que o Fidel era um grande estrategista...
Imaginem só se Cuba tivesse uma equipe na F1...seriam um pandemonio! - eles iriam ganhar tudo!