Hoje o mundo é contado por quem não o vive. Existe uma diferença abissal entre o que se vê ao vivo e o que se conta. Mais ainda entre o que se "sofre" (no sentido de objeto viral de uma ação) e o que se diz. Até que ponto a linguagem jornalística, como a conhecemos, é eficaz em relatar uma história? Até porque relata para mostrar. E o que mostra, não existe porque é passado, frisado, mediado, virtual. Se diz sobre o que não há, na concepção ocidental e ingênua de ilusão, não ilude? E quem apreende sistematicamente um mundo ilusório , não acaba criando e perpetuando uma supra-realidade, atualizada diariamente, em descompasso cada vez maior com o que existe? Os conceitos, pouco a pouco, não vão desgarrando das almas, de pessoa para pessoa? E o que, supostamente seria o mundo elogioso da informações democratizadas e antes impossíves, não se torna uma gotejante descomunicação? Pior, uma descomunicação que não se reconhece e gradativamente destrói os mecanismos e ferramentas que possibilitaria reconhecê-la? Não viramos cegos a enxergar o que somos no outro e no que pensamos saber, através das histórias que vemos, sobre o outro? Sem ver o que existe, falamos no que existe, nos guiamos no que existe?
Não seria melhor o fim da comunicação escrita? Para que reencontremos nossos caminhos e a verdadeira comunicação, não seria melhor que nos encontrássemos sem mediações? Mesmo que isso significasse um número menor de experiências, ou melhor, conhecimento sobre experiências relatadas? O jornalismo não deveria ser feito por todos? O jornalismo não deveria se transformar em uma arte calada?
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
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Um comentário:
o que seria dos jornalistas,e dos historiadores ?
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