sábado, 2 de agosto de 2008

Não existe pesticida para a cobiça.


Aqui vão dois textos bem sem voz na grande imprensa. Embora falem de assuntos diferentes, intuitivamente sei que formam figuras idênticas nesse mosaico da política brasileira atual: o meio ambiente, a ecologia e a influência maligna (sim, como um tumor) do capital privado estrangeiro. Dois assuntos de extrema importância que estamos deixando passar sem entendimento, nem a busca por entendimento.

Artigo Stédile completo

"Hoje, quase todos os ramos de produção agrícola estão controlados por grupos de empresas oligopolizadas, que se coordenam entre si. Assim, no controle da produção e comércio de grãos, como a soja, milho, trigo, arroz, girassol, estão apenas a Cargill, Monsanto, ADM, Dreyfuss, e Bungue, que controlam 80¨% de toda produção mundial. Nas sementes transgênicas, estão a Monsanto, a Norvartis, a Bayer e a Syngenta. Com controle de toda produção. Nos lacticínios e derivados encontramos a Nestlé, Parmalat e Danone. Nos fertilizantes, aqui no Brasil, apenas três empresas transnacionais controlam toda produção das matérias primas: Bungue, Mosaico e Yara. Na produção do glifosato, matéria prima dos venenos agrícolas, apenas duas empresas: Monsanto e Nortox. Nas máquinas agrícolas também o oligopólio é divido entre a AGco, Fiat, New Holland, etc.

Esse movimento que se desenvolveu a partir da década de 90, se acelerou nos últimos dois anos, com a crise do capitalismo nos Estados Unidos. As taxas de juros nos países centrais caíram ao nível de 2% ao ano, e, comparado com a taxa de inflação levou a que os bancos percam dinheiro. Então, o capital financeiro para a periferia dos sistema para se proteger da crise e manter suas taxas de lucro. Nos últimos dois anos, chegaram ao Brasil cerca de 330 bilhões de dólares na forma de dinheiro. Parte desse recurso foi aplicado através dos bancos locais, para incentivar as vendas a prazo, de Imóveis,eletrodomésticos, e automóveis, a taxas médias de 47% ao ano. Uma loucura, comparado com as taxas dos países desenvolvidos."


Entrevista Telma Monteiro

Para a pesquisadora autônoma na área de energia Telma Monteiro, os projetos de construção de hidrelétricas no Rio Madeira e em Belo Monte somam uma série de problemas não considerados pelo governo federal brasileiro. Em relação à matriz energética do país, ela diz que o Brasil está sendo ultrapassado, pois não vem aproveitando seus recursos para ser menos atingido pelas conseqüências do aquecimento global. “Nós estamos indo completamente na contramão da história. Ficamos em 42° no ranking de países que sofrerão os impactos das mudanças climáticas, entre 168 países. Não estamos prevenindo nada. Continuamos a desmatar a floresta Amazônica e a destruir nossos ecossistemas importantes e cruciais com usinas do porte dessas do Rio Madeira e Belo Monte”

É interesse político e das grandes empreiteiras, que precisam de grandes obras. Assim, temos dois projetos de hidrelétricas no Rio Madeira superdimensionadas nos estudos feitos pela Furnas e pela Odebrecht. A meu ver, essas empreiteiras estão gritando agora contra essa atitude da Suez justamente por causa disso. A Odebrecht tinha uma idéia de economia de escala ao fazer duas hidrelétricas. Então, existe um grande interesse financeiro de grandes empreiteiras ao projetar nessas obras grandes lucros. No entanto, o governo federal não está considerando isso.

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