sexta-feira, 4 de abril de 2008

E o meu medo maior é o espelho se quebrar.



E
m algumas práticas xamânicas, o silêncio (interior e exterior) é unidade básica para o caminho do equilíbrio, da harmonia e sabedoria. Às vezes, quando duas pessoas discutem, o silêncio se torna resposta , principalmente porque só dizem o que vale a pena dizer.

Acontece que , na Internet, as pessoa falam muito. Querem falar de si, dos outros. Consegue-se , na mesma mente, o egoísmo e a entrega do ego ao coletivo (nota: nunca perdê-lo), para que o coletivo reivente, julgue, movimente esse ego.

Por isso que esse blog ficou muito tempo sem um post. É porque, quem o escreve, não teve algo que valesse a pena dizer.

Volto com um assunto pontual e ínfimo, mas que em minha subterrânea opinião merece destaque: o espelho de uma presidenta.

Falo de Cristina Kirchner. Em tempos de porradaria entre campo e governo, panelaços de uma classe média meio perdida e pré-crise americana, o que mais me chamou atenção nessas semanas, foi um pequeno discurso que a dita cuja proclamou contra uma charge de si mesma que viu no Clarin.

A charge é de Hermenegildo Sábat, um reconhecidíssimo cartunista argentino.
Está aí acima. A reclamação venho em tons amedrontadores, evocando a uma tentativa de golpe sem tanques, mas com idéias, chamando a ilutração de quase mafiosa, apontando alguma suposta perseguição por parte de um grupo portenho (qual ele é, me parece ainda muito, mas muito indefinido).

A presidenta falou como se fosse um absurdo a legítima, intocável, quase divina, expressão subjetiva, artística, de um desenhista, antes de um cidadão, antes de um homem ou mulher ou criança. Poderia ser no muro, na árvore, na folha da prova de Matemática. A expressão de uma opinião, de um ponto de vista, sem braços verde e oliva que o obriguem a aceitar. O dizer, quando se tem algo a dizer.

Cristina deu aviso-pressão ao jornal, subiu demais no próprio poder e desapontou a democracia que tantas vezes citou nos discursos contra a atitude dos ruralistas em não abastacerem a cidade.

A presidenta não aceitou a sua própira imagem em outro espelho. Temos que aceitar nossa própria imagem nos espelhos alheios.

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