Texto que recebemos de uma leitora do blog. Muito bom. Merece ser lido e encaminhado. Uma discussão que precisa ser aprofundada com exaustão.
Que estamos vivendo momentos conflituosos, não é novidade para ninguém.
O fato de estarmos no auge da intolerância, da impunidade, da insensibilidade, que todos nós sofremos na pele, nos reporta a uma simples pergunta : Onde iremos parar com tudo isto ?
Sabemos que o esclarecimento, altera o ânimo das pessoas, a sabedoria o abranda, porém há que ter vontade política para que as coisas aconteçam.
A escola é o lugar onde muita coisa acontece e a educação é a melhor arma para todo e qualquer mal.
Desde 1948, quando foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas, começamos a olhar diferente para o que eram e o que significavam estes tais : Direitos Humanos.
Muitos grupos antes marginalizados, tiveram seu lugar ao sol e começaram a ser vistos de uma maneira mais digna.
O alerta vermelho sempre esteve firmado no descompasso histórico inevitável entre a previsão do Direito e sua real efetivação.
Atualmente muitos direitos são violados e o advento da Globalização veio a reforçar algumas desiguladades.
E não há como não ser pela educação que o sujeito adquire o conhecimento, parte para a defesa do Direito, adquire o respeito, promove e a valoriza os mesmos.
Nós, latinoamericanos sempre sofremos muito em função da violação destes direitos e também pelo expresso na segurança, na sobrevivência, na identidade cultural e bem-estar mínimo.
Emerge que façamos algo como salvo conduto à nossa dignidade e como supra citado, sugiro que através da força massificadora que só o esclarecimento, a aquisição do conhecimento e a educação tem, é que conseguiremos formar opiniões, idéias e manisfestações em busca ao resgate de nossa tão esquecida dignidade.
Porém esta busca precisa estar baseada em estudos, em leis, resoluções, decretos de lei, pareceres e todo o mais necessário que ampare e assegure o direito como tal e sua efetivação.
Precisamos urgentemente promover a inserção da educação em direitos Humanos nos processos de formação inicial e continuada dos trabalhadores (as) em educação, nas redes de ensino e nas unidades de internação e atendimento de adolescente em cumprimento de medidas sócio-educativas, incluindo, dentre outros (as), docentes, não docentes, gestores (as) e leigos (as).
Em primeira instância o que pressuponho que seja necessário é que seja feita uma mudança no currículo formador de educadores. Ele precisa estar mais próximo da realidade e da necessidade, pois atualmente temos ano após ano, professores se formando para ensinar a alunos-padrão, sendo que hoje em dia são poucos os alunos-padrão. Também percebo que o currículo não prepara os professores para que atuem com classes populares, o que é outro desafio nos dias atuais.
Quando concluí o Ensino Superior e iniciei a atuação como profissional da área da Educação, senti um grande vazio, muito do que eu havia aprendido, não poderia aplicar tendo em vista este distanciamento da realidade-necessidade. Esta questão muito me preocupa, que Universidades tendo em vista um currículo que não contempla a diversidade, forme pessoas sonhadoras e bem intencionadas que depois terão que recolher seus sonhos, um a um, por falta de campo de aplicação, pois o que almejam está muito fora do que pode ser utilizado.
Também se faz urgente propor a edição de textos de referência e bibliografia comentada, revistas, gibis, filmes e outros materiais multimídia em Educação dos Direitos Humanos.
Tendo como premissa que para que possamos criar uma Cultura de Direitos Humanos, precisamos de referências e suportes bibliográficos, aliados a uma política de implementação sugerida na ação anterior, para que possamos orientar, instruir e educar para o conhecimento de tais direitos, como conseqüência teremos adeptos por identificação e o acontecimento na prática será inevitável.
Estas duas ações são perfeitamente possíveis de serem implantadas nas escolas, tendo em vista o desconhecimento dos civis de um modo geral dos Direitos Humanos e suas implicações. Elas só não são possíveis como são urgentes, bastando para isso que tenhamos suporte das autoridades competentes, pois são mudanças de certa forma radicais, porém extremamente necessárias.
O que me pergunto paralelamente à análise na necessidade e da urgência é se há interresse que se alerte para o que é de direito. Muitas vezes é mais interessante ou conviente que tenhamos um exércitos de serviçais, que obedeçam sem questionamentos, do que pessoas esclarecidas que conhecem os direitos que a assistem e lutam por eles, por que normalmente estas pessoas « encomodam » ou desacomodam a maneira de se lidar com as leis ou de ignorá-las.
Um comentário:
Parabéns Carmen. Achei seu texto muito bom. E concordo plenamente com o que você diz nele. Realmente as universidades nos preparam para lidar com aluno-padrão, e sabemos que são poucos. Também concordo que a maioria das pessoas não conhecem seus direitos e, por isso, ficam calados, diante do que está acontecendo com a educação em nosso país.
Helena
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