quinta-feira, 29 de maio de 2008
A fortaleza da língua
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Um poeta que lambe as palavras
Ainda quando eu era estudante de jornalismo, cismei em entrevistá-lo, mesmo sabendo que era avesso à imprensa. Consegui seu telefone através de uma conhecida que tinha o contato de um de seus filhos. Nunca achei que fosse tão fácil falar com o poeta, que tinha fama de incomunicável. Da primeira vez que liguei, sua filha atendeu e quando eu disse que queria falar com “senhor Manoel de Barros”, ela prontamente passou o telefone, sem nem se preocupar do que se tratava.
Ouvi uma voz fraca e trêmula do outro lado da linha. Como tudo aconteceu muito rápido, não estava preparada para falar com ele naquele momento e as palavras saíram com uma certa dificuldade.
– Boa tarde, senhor Manoel de Barros. Sou estudante de jornalismo e gostaria de conversar com o senhor sobre uma matéria que estou escrevendo a respeito de identidade cultural.
Ele primeiro advertiu-me por chamá-lo de senhor e depois respondeu, não menos original do que poderia se esperar de uma figura como ele:
– Mas 90% do que eu falo é mentira e o restante é inventado, então não tenho nada para falar. (diz despretensiosamente)
Eu já estava estudando um novo argumento para convencê-lo a me receber quando, creio que percebendo meu nervosismo, interpelou.
– Tudo bem, não vou negar a falar com você! Pode vir aqui em casa.
Simples assim! Anotei o endereço e no outro dia lá estava eu no horário combinado. E adivinha coincidência... Ele morava do lado do meu bairro. Fui caminhando para a entrevista.
Fui recebida numa grande sala, mas parecia pequena se comparada a grandeza do “poeta das inutilidades”, como ele mesmo costuma escrever.
Não gravei e não anotei nada do que conversamos naquela tarde. Ele estava por lançar seu último livro “Poemas rupestres”, uma referencia aos desenhos primitivos dos homens das cavernas, onde ele reinventa os significados das palavras num retorno ao velho Mato Grosso, onde nascera.
Depois conversamos sobre o processo criativo e, segundo ele, não existe um fator inspirador, e sua escrita flui sem grandes sacrifícios ou sofrimento. Um “arteiro” nato.
O tempo parece não existir para esse poeta ou, pelo menos, nao é como o nosso tempo, que é contado em horas. Existe um outro cronômetro, seu próprio tempo. Quando pergunto quanto demora para escrever um livro ou um poema, Manoel de Barros diz que não dá para medir. Arte não tem tempo.
– Manuel Bandeira, por exemplo, quando escreveu aquele poema “O cacto” no final ele dizia “era belo, áspero e intratável”. Quando escreveu , ele disse apenas “belo e intratável”, essa terceira palavra o “intratável”, ele demorou dez anos para encontrá-la, porque ele precisava da medida exata que exprimisse o que ele queria dizer, – e assim fica explicado o tempo e um pouco de Manoel de Barros.
Mesmo que fossem escritas em 15 minutos, não seria apenas isso. Como diz Carlos Heitor Cony, “são 15 minutos e mais a experiência de uma vida”.
Quando falamos a respeito do seu mais famoso título “Livro sobre nada”, finalmente entendo que o nada é nada mesmo. Não se trata do “nada” filosófico. É o nada de ausência de coisa mesmo. Na hora pensei: “como pode alguém escrever sobre nada? Não há o que escrever”.
– Sou como um cacto, com a exceção do “belo”, – brinca. Posso até concordar com o intratável, mas diante de sua doçura é impossível comungar com a idéia do áspero.
Depois daquela tarde, ver as coisas de uma outra forma, que muitas vezes não passam pela lógica e pela razão. Mas uma coisa é certa, Manoel de Barros sabe muito bem o que está fazendo. Ele faz na prosa, o que em literatura se chamada bricolage. Ao inverter a ordem de certos lugares-comuns obtém resultados como “chovia pelos cotovelos, mas Tião falava a cântaros”, como escreveu Mendes Campos, ou ainda "a quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso", do poeta pantaneiro.
Embora não credite influencia de nenhum escritor específico, é bem verdade que Manoel de Barros nunca foi o mesmo depois que leu "Une Saison en Enfer", livro do jovem poeta francês Arthur Rimbaud, que chocou sua época com seu estilo rebelde e anarquista e pretendia atingir a transcendência poética.
Lenda viva
Formado em Direito, Manoel de Barros foi estudar no Rio de Janeiro ainda muito jovem. Conta que morava numa pensão, onde conheceu os amigos da Juventude Comunista. Contagiado pelo espírito revolucionário leu Marx e entrou para o Partido Comunista.
Na época, o país, governado por Getúlio Vagas, vivia um período de conflitos políticos entre o governo linha dura e ditatorial e os revolucionários comunistas, liderados por Antônio Carlos Prestes.
Foi nesse período que escreveu seu primeiro livro, que nunca foi publicado. O único exemplar do livro foi levado por policiais que entraram na pensão para prender ele e os amigos comunistas. A dona da pensão ficou com pena dele que na época tinha 18 anos e pediu que o levassem. Na tentativa de impedir a prisão contou aos policiais que ele até tinha escrito um livro. Foi então que os policiais desistiram de prende-lo mas levaram consigo o livro. Quando pergunto se ele não lamenta terem levado logo seu primeiro livro ele prontamente responde: “ainda bem que levaram. O livro era muito ruim. Foi um livro escrevi para Nossa Senhora”.
Manoel de Barros conta que ainda era do partido comunista quando seu líder, Luiz Carlos Prestes, foi libertado depois de mofar dez anos na prisão. Todos esperavam uma atitude contra o que os jornais comunistas chamavam de "o governo assassino de Getúlio Vargas." O ainda aspirante a escritor, correu para o Largo do Machado, no Rio, "ouvi Prestes dizendo “eu apoio Getúlio, o mesmo Getúlio que havia entregue sua mulher aos nazistas, sentei na calçada e chorei. Saí andando sem rumo, desconsolado. Rompi definitivamente com o Partido e fui para o Pantanal".
Nunca vamos saber se política perdeu um líder, mas a literatura, essa sim com certeza, ganhou o que Drummond já anunciara, “ o maior poeta brasileiro vivo”.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
CANDEIA
O Youtube poderia ser uma ferramente bem eficaz de educacao. De vez em quando, acha-se vídeos muito bons. Melhor quando sao raridades.E melhor ainda quando são raridades de grandes compositores.
O vídeo acima é do filme Partido Alto, do diretor Leon Hirszman, de 82. Mostra um flamante Candeia (uma mistura de B Negao e Aílton Graca) , recuperado de sua depressao pós-paraplegia, explicando os tipos de partido e a maneira de sambar alguns. Foi gravado um pouco antes de sua morte em 78. Detalhe para o prato , para o "amoladinho" (difícilimo de dançar), para o fim da tarde no morro, para as vozes de afinacao natural das tias e para a presenca do ilustre e esquecido atabaque na roda.
Candeia, além dos geniais atributos musicais , foi o que podemos dizer de um "político" do samba. Na boa acepção do termo. Defendeu o samba como resistência cultural, como manifestação popular, totalmente anti-carnaval das escolas de samba (que, a seu ver, já haviam esquecido as bases, a luta e a história do gênero para virarem tipo exportação. Isso, na década de 70.).
Fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, que defendia a valorização do negro, os segmentos tradicionais das escolas como alas das baianas , compasso das baterias mais lentos etc. "Era uma escola de samba, não de Carnaval" ou "aqui todos podem colaborar, ninguém imperar", antecipando o futuro das escolas como conceito mulata-nua e coronelismo . Esse caminho de Candeia está bem descrito no livro de Nei Lopes, Sambeabá.
É uma discussão profunda de quem vive e estuda o samba. É válido vender a alma para manter vivo sua história? Até que ponto o lado comercial é sobrevivência ou é máfia? De quem é o carnaval hoje em dia? O que foi feito com quem ralou os pés para deixá-lo vivo? Eu, até algum tempo atrás, defendia a suposta organização política e econômica do carnaval como forma de sobreviver a um mundo mediático, de pressões fortes financeiras. Mas um fato mudou completamente minha visão. E aí vi que Candeira estava certo.
Carnaval de 2006, era o último dos dos tres anos que passei na Avenida cobrindo os desfiles. Um carro da Portela quebra na concentração e abre-se um buraco imenso na passagem da Escola (o carro que levava a velha guarda). O desespero é total, os ponto perdidos seriam muitos, afetaria um monte de quesitos já que, além do clarão, teria que passar correndo, teria uma alegoria a menos e o enredo ficaria capangamente contado. A velha guarda chorava, mesmo. E muito. Alguns amaldiçoavam a diretoria, outros se afundavam no desespero de que a Portela acabaria. Um misto de vergonha e sensação de impotência daqueles que viviam realmente o cotidiano da agremiação. Estávamos eu e Luana Dias (apesar de dizer que não, é uma das maiores jornalistas desse meio, que conhece com profundidade tanto a história gloriosa quanto o presente controverso) no setor 1 presenciando o momento em que Monarco passa sem forças, abatido, sem conseguir tirar os olhos do chão. Solitário, parado. Neste mesmo instante, em contraposição à imagem de Monerco, no auge da decadencia de uma agremiação que é braço e perna do samba, o povo do Setor 1, alheio a tudo e a todos, fazia festa, gritava e esperniava para os artistas da Globo que , igualmente alheios a tudo que passava, de dentro do aquário da emissora, mandavam beijos, sambavam, cambalhoteavam e davam entrevistas com a camisa da Portela dizendo que amavam a Escola e que torciam para ela desde pequenos. Naquele momento eu entendi mais do que nunca que o Carnaval havia acabado. Era um teatro turístico onde os negros se amontoavam nos Bob's espalhados pela avenida e os gringos se assanhavam com a nossa carne.
Enfim, fato é que 2008 é um ano de lembranças para o samba. É aniversário redondo das mortes de Candeia, Jovelina (os dois em novembro ) e do nascer de Paulinho da Viola (já referido no blog).
Que essa história seja realmente vista como patrimônio brasileiro, mas como história e vivências, não como catálogos da rio tur para turistas desavisados. Fato é que estou cada vez mais como Elton Medeiros descreve em Sem Ilusão (música crítica a esse carnaval comercial):
No carnaval não vou mais sair fingindo
que passo a minha vida inteira a cantar
eu vou me divertir, na certa eu vou sambar
mas dessa vez a ilusão não vai me pegar
No carnaval eu sempre saí sorrindo
me divertindo só pra desabafar
três dias pra sorrir, um ano pra chorar
mas dessa vez a ilusão não vai me pegar
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Um moleque do Brasil - Luiz Galvão
A dificuldade do letrista está em, além de fazer algo literariamente bom, encaixar com a sonoridade da música, o conceito de quem canta, o ar de quem toca. É manejar uma guitarra com as palavras, sincopar os tambores nos acentos. Luiz Galvão fez com o que os Novos Baianos fosse “revolucionário e evolucionário”, em suas próprias palavras. E seu texto não se via só nas canções. Os encartes dos discos eram pequenas obras literárias, manifestos de uma criatividade sem tamanho.
Difícil delinear em poucas palavras e espaço o que ele quis dizer. Mais fácil é admirar as rimas que faziam um Brasil tropical , futurista, malandro, de carnaval e de desapego. Ou seja, mostrava um lado quase espiritual dessa ambiência solta, apolitica, nacional. Se as guitarras furiosas de Gil e a feminilidade crítica de Caetano vinham quebrando o pau na sociedade e no “mesmismo”, os Novos Baianos musicalmente (com a grande ajuda de Pepeu Gomes) recriavam uma identidade musical tradicional brasileira. E Luiz Galvão recriava o mesmo ser humano brasileiro , da festa, da alegria, dizendo coisas como “ Minha carne é de carnaval / Meu coração é igual”.
É curioso porque esse suposto regionalismo vem acompanhado de um rock furioso dos arranjos.
Em sua definição de si mesmo: “E pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto. E passo aos olhos nus ou vestidos de lunetas / Passado, presente, participo sendo o mistério do planeta / (..) No que sigo o meu caminho e no ar que fez e assistiu. Abra um parênteses, não esqueça que independente disso eu não passo de um malandro. De um moleque do Brasil, que peço e dou esmolas / Mas ando e penso sempre com mais de um, por isso ninguém vê minha sacola”.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
¡Que lo cumpla feliz, Ernesto!
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Hermetismo, palavra fácil.
O intelectual acaba com a própria intelectualidade.
O que vejo são autores que dimensionam a grandeza de nossas relacoes pelo ego de quem expoe , inventa ,pensa essas relacoes. O autores da nova literatura brasileira parecem ter esquecido que o ato de escrever não é o ofício de mostrar o domínio da palavra, não é encerrar a palavra em si mesma. O hermetismo de alguns livros serve para mostrar não o talento de ser fragmentado, cheio de referências e metafísico. Mas para provar a completa inabilidade de simplesmente contar uma história.
E é nisso que os intelectuais afundam. Em não perceber que o ato de contar uma história, por mais primário que seja, é uma arte difícil de ser exercida. Porque, para contar uma história, é preciso ver de várias formas, lugares e, o mais importante, saber comunicar o que se vê. Além de todo movimento, todo conceito por tras de qualquer coisa, o humano, nossas relacoes e pensamentos , nossa vida comum ou nosso heroísmo, nossa universalidade ínfima ou íntima, é sabida, vivida, modificada, através do que nos contam , do que vivemos e problematizamos nas histórias cotidianas. E essas histórias não podem ser intelingíveis por sua forma. O hermetismo não gera obras sem-tempo. Porque o hermetismo é a miopia da intelectualidade. E , miopes, não transcendemos.
Tudo isso é para elogiar ainda mais o filme “A família Savage”. A obra é mais um fruto do estilo indie americano, com muitas imagens no carro, muito céu e muito piano na trilha sonora. Tem um monte de coisas intelectuais, mas não é hermético, pelo contrário. É generoso ao mostrar a atuação genial de Philip Seymour Hoffman e Laura Linney (aliás, de todos os atores, justiça seja feita), ao ser simples e eficaz ao ser pouco profundo em reflexões e muito denso na ambiência e nas atitudes. Nas pequenas atitudes ordinárias, nos pequenos sentimentos cotidianos. Traz questoes sérias em forma de dilemas, mas muitas vezes é irônico, engraçado e despretensioso ao responde-los. Nos faz identificar, torcer. Conta uma história de maneira clara. E deixa para nós a decisao de deixar a alma turva com o que apreendemos dela.
Faz muitas referências ao pensamento de Bertolt Brecht, mas não impossibilita quem não o domina de entender o que está dizendo (entender tanto quanto quem é especialista no autor). É cheio de piadas inteligentes sobre nosso cotidiano, mas não é elitista, (o risinho do discreto charme da burguesia). Porque mostra que a arte é do humano, não do intelectual. Tem um ritmo europeu (isso é intelectual de minha parte), amplia o costumeiro e banal em importante, expõe os defeitos dos personagens, mas não os julga. Assim como não o faz com as qualidades. No fim, é a história de dois irmãos que aprendem a se comunicar ao se comunicarem com seus traumas, seu pai calado e moribundo e suas vidas atuais. No fim, é apenas uma ótima e emocionante história.
Que os novos intelectuais brasileiros (genios jovens, modernos e descolados) aprendam que compartilhar o mundo é mais difícil e exige mais talento que governá-lo como tiranos. Porque o tirano pensa só.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
SAMBA TORTO
Uma pena, porque perdi um bom tempo para apreciar um dos melhores discos de mpb dos últimos anos. Clara já faz música há alguns anos, quando pequena cantou em obras de Egberto Gismonti e , olha que lindo, do Originais do Samba (com a ilustre presenca de Mussum), cresceu e lançou 5 discos , misturou bossa, mpb, música eletrônica e resolveu fazer um estilo mais acústico nesse.
O disco tem regravações de alguns clássicos como "Morena Boca de Ouro", de João Gilberto e "Bahia com H", gravada pelo mesmo chatinho. Além de "Vem Morena Vem", do Ben. Para quem diz que samba é coisa de pobre, preto e nao merece respeito, ela elitizou o canto numa belissima versao "samba-sincopada-voz-susurro" de "Mon Manege a Moi", conhecida na voz de Edith Piaf, tocada e arranjada por Joyce.
Além das belas composições e do virtuosismo dos instrumentos (um trio apenas a acompanha), a gravacao bruta (sem efeitos, interferências eletrônicas) do disco abre espaco para a voz de Clara, que traz a real interpretação das músicas, não gritos esgarniçados e um tom lugar-comum (como a da Céu). Sua voz é encantadora, de uma fragilidade pensada, meio falada, meio Lapa, meio cachaça. Em plena Bossa Nova. Na verdade é isso. Tirou um pouco da chatice da Bossa Nova. O disco tira o estilo do platô monossilábico e plácido dos deuses e a enche de pequenos defeitos da alma. É íntimo. É a música de elevador que faz o ascensorista sambar.
O nome não poderia ser melhor. O samba "torto" que endireita os pés de quem ouve.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Marcha, rebanho.
O que, na minha humilde e subterrânea opinião é que temos tomar cuidado é exatamente com essa armadilha das certezas e da opinião como ego (ou seja, defendida com unhas, dentes e violência, criada para não ser posta à prova nem derrubada). Isso, infelizmente, é o que anda passando pelas vozes que discutem o ato e o conceito da manifestação. Principalmente de quem o defende.
Não aprofundo nada aqui, mas me espanta e me decepciona a ausência quase total das falas dos moradores da favela, principais sofredores da violência na cidade (não vítimas ) que, em tese, é um dos temas principais nessa questão.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
PQP NO CQC!
Genial o fato que eles exploraram: o stand da Embaixada dos Eua não tinha livros! Repetindo: na Feira do Livro, a representação do país mais "Aprendiz" do mundo, não levou livros.
Apenas um foguete meio megalomaníaco, cadeiras e tevês. Nada mais perfeito para exemplificar o amor e a humanidade americanas com relação à cultura, ao subjetivo e ao lúdico.
Então lá foram os rapazes do CQC e , numa movida igualmente genial, chegaram no stand de Cuba, repleto de livros, e pediram alguns emprestados para ajudar ao primo rico, sovina e gordo traído americano. O pessoal responsável pelo stand cubano aproveitou e ofereceu um montão de obras.
Livro cubano, no c...do americano.
Para ver o vídeo (ainda nao está no Iútubo).
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Bonitinho, mas...
E talvez seja por esse lado mais comercial que ainda tem bala na agulha para produzir obras muito boas, diria fundamentais, que vão contra a corrente do pensamento cinematográfico americano.
Abaixo alguns filmes do astro que merecem respeito e serem vistos.
Boa Noite, Boa Sorte: Quase um libelo anti-anti comunismo, uma crítica contundente ao Mcartismo dos anos 50. Usa um programa chamado See it Now , comandado pelo jornalista Edward Murrow. O filme é tenso, preto e branco, com uma luz esfumaçada, como se tivéssemos dentro dos tempos difíceis e nebulosos da época. No entanto, fala do passado alfinetando o presente político americano. Feito de diálogos profundos, sérios e da interpretação contida e magistral de David Russell Strathairn. Obra-prima.
Leatherheads: lançamento mais recente. Risco de George Clooney como diretor e produtor. Conta a história do início do futebol americano, quando ainda era feito de heróis mineiros, pobres e bêbados. Bem longe da indústria bilionária que é hoje. Resolveu fugir de uma provável formato épico e emotivo. Transformou o filme num interessantíssimo estudo estético, uma comédia muito bem desenhada, passada nos anos 20, com trilha sonora muito bem encaixada e linguagem leve e criativa.
Syriana: Atua e produz. Drama político que expõe sem vergonhas a indústria do petróleo americano e sua relação suja com alguns países produtores do Oriente Médio. É um filme para se ver três vezes para absorver integralmente o raciocínio dos personagens. Na linha da crítica aos detentores do poder americano (políticos, a CIA e empresários, principalmente). Matt Dammon mostra seu valor.
Confissões de uma Mente Perigosa: dirigido por ele também. Conta a história do homem que inspirou Silvio Santos e, por sua vez, quase todos os brasileiros, com seus programas populares apelativos e inescrupulosos: Chuck Barris. Clooney se virou muito bem ao mostrar uma personalidade complexa, de grande importância e histórias controversas. É um drama forte, experimental e de ótima qualidade.