quarta-feira, 14 de maio de 2008

¡Que lo cumpla feliz, Ernesto!


Hoje é o aniversário de 80 anos do nascimento de Che Guevara. Ninguém comemora porque, oficialmente, o "Fuser" nasceu no mês que vem.

A confusao está explicada na melhor biografia já escrita sobre o mito, de autoria de Jon Lee Anderson (em espanhol: "Che, una vida revolucionaria") , um jornalista americano meio direita que colocou um pouco suas ideologias de lado e fez um retrato neutro, crítico e muito sério sobre o personagem histórico.

"(a mae de Che) explicou que a mentira foi necessária porque no dia do seu casamento com o pai dele, estava no terceiro mes de gravidez. Foi por isso que, imediatamente depois do casamento, o casal saiu de Buenos Aires e foi para a remota selva de Misiones (...) Poucos meses antes do parto, viajaram pelo Rio Paraná até a cidade de Rosário. Ali deu à luz e um amigo médico falsificou a data no certificado de nascimento: a atrasou um mes para proteger o casal do escandalo."

O livro é muito bom, é necessário. Longe de derramar glórias ao Che, tenta montar a mente do jovem abastado , em algumas partes de sua vida racista, que se transformou e transformou a luta social em todo o mundo. Contextualiza seus passos, os passos das pessoas que atravessaram seu caminho e, através de entrevistas feitas com parentes, cartas, documentos, vasculha o pensamento do homem (ou o que possivelmente foi esse pensamento) .

Em novembro do mes passado, o autor deu uma patada linda na...como chamar...bem, na Veja, que usou sua obra por um lado torto, mentiroso, reacionário e, por ser tao escandalosamente "ajornalista", cômica.

O livro mostra também que, nao sei se destino ou mais um penduricalho de Deus para enfeitar ou dramatizar ou justificar as biografias, Che nasceu no mesmo dia, no mesmo hospital, em que morreu, crivado de balas, um portuário grevista que protestava por melhores condicoes de trabalho.

Ramón Romero "Diente de Oro" , de 28 anos, foi assassinado por capatazes contratados pela agencia de emprego dos estivadores com uma ferida de bala na cabeca.
E Che escreveu a história dos dois.






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