quinta-feira, 29 de maio de 2008

A fortaleza da língua


Pode parecer pouco, pequeno, desinteressante nesses tempos em que a pluralidade de dialetos me parecem se enganar na unicidade da língua. Fato é que um instituto do Equador conseguiu resgatar as línguas originárias indígenas. E ainda as estuda, debate, ensina e luta contra o esquecimento. Essa iniciativa é uma das poucas na América Latina, incluindo o Brasil, onde a falta de conhecimento de idiomas dos povos originários , com o passar do tempo, resultará na falta de conhecimento histórico dos mesmos povos. E, por consequencia, na falta de conhecimento de quem somos.

O desafio está sendo encarado pelo DINEIB, que tem como lema algo interessante: pelo desenvolvimento das línguas e culturas do Equador. O "desenvolver" dá essa idéia de dinamismo tao afastada por uma suposta ancestralidade do idioma falado. Como se a antiguidade significasse artrose.

O Eurocentrismo iniciado pela Espanha há mais de 150 anos e levado pelos governantes interessados no bom-olhar europeu ganhou um grande combatente. O DINEIB completa 20 anos e ainda está em pleno funcionamento. Sao 62 profissionais, entre professores e técnicos, a diariamente possibilitarem o acesso das línguas indígenas ao povo equatoriano. O desafio é lutar contra o pouco interesse político em apoiar iniciativas como esta (embora seja do ministério da educacao, as organizacoes sociais e destes povos precisam batalhar ano a ano a existencia do DINEIB).

Falta apoio, principalmente, para a formacao de novos especialistas bilingues.

"Estudar isso representa uma verdadeira engenharia linguistica. É preciso nao só conhecer a sua língua, mas o idioma indígena, se aprofundar na cultura desse idioma, uma grande sensibilidade e intuicao semantica para descobrir os sistemas de derivacao desse idioma e aplicá-la na prática" - diz Luis Montaluisa, um dos mais importantes cientistas indígenas.

Vamos ver até quando a galera segura essa peteca. Em tempos de ameaca de invasao colombiana e ameaca da soberania nacional, o esquecimento da língua é mais um tiro no próprio pé de um país que deseja ser para todos.

Nenhum comentário: