domingo, 22 de junho de 2008

Crisinildos e fatabaldos


Vou fazer algo que não é legal, mas precisa de um peso contra: criticar gente que escreve em jornais. Não conheço quem escreveu, não sou ninguém, mas a série de notícias bombásticas que ogrôbo anunciou sobre a "crise argentina" é preocupante. Primeiro porque o veículo adora essa palavra. Até usei aqui no bróg, mas a trato mais com ironia do que o real significado apocalíptico que evoca. Afinal, se tudo é crise, o que é crise? Um estado de normalidade diante da complexidade do mundo? Se é assim, amor é crise, deus é crise, dunga é crise, falar é crise, calar é crise.

A Argentina passa por um momento difícil sim, como é difícil o momento no paraguai, no Uruguai, no Brasil, na Venezuela, no Suriname, na Micronésia e em Asgard. A questão do campo é complicada? É. Mas, ao meu ver, é mais sintoma de um país que está se erguendo e, com ele, erguendo as sarninhas democráticas, do que um ponto de fla-flu é um ai jesus. O governo gasta muito com subsídios (como foi dito na matéria)? Sim. Mas é preciso examinar os pontos positivos e negativos da intençao, nao colocar isso junto com altas de juros e aumento dos preços e cor da calcinha da Cristina. A primeira matéria, por exemplo, não abordou um tema crucial, que é a questão do INDEC (mede inflaçao, entre outras centimetragens) e sua pouca confiabilidade. Enfim. Joga na mão do Dines que ele sabe o que fazer!

Sei que é pouco espaço, sei que tem editor querendo chamar a calamidade e dar os braços para o terceiro cavaleiro do apocalipse, mas há que ter muita calma nessa hora. Ou vai ficar igual à suposta série de reportagens sobre a ditadura nas favelas feita há alguns meses pelo mesmo coiso e que se tornou um dos maiores crimes jornalísticos e éticos já cometidos (o da ignorância do tentar entender e de que, às vezes, pra entender, é preciso mais que entender).

Esse é o lado bom dos brógs. Além de ser algum exercício inconsciente do ego, além de falar coisinhas bonitas, rabugentices, supérfluos e até gente bonita , jovem e descolada, mostram que pra entender algo não bastam algumas linhas cheias de números e declarações cruzadas. Hoje em dia, uma matéria é feita de dias diferentes e por vários autores, jornalistas ou não. Hoje em dia, uma matéria só se aproxima da faurelúngeca verdade com alguns posts a mais no baú da felicidade e nesse mosaico do mundo feito de pequenos diários.

Ah, alguém aí ainda lembra de algo que tá batendo a porta, que é a crise energética que ia matar a todos os argentinos de frio há alguns meses? E a crise do sexo que agora afeta os argentinos? E a crise do Racing? Existem crises mais importantes...

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