sexta-feira, 27 de junho de 2008

Errado é sonhar com o certo, que o certo dá sempre errado.



Ao se falar de samba, muitas vezes a figura de Hermínio Bello de Carvalho fica em segundo plano. Se não é a intelectualidade e a sambalidade do meu Brasil que chama, o povo fica sem saber da importância desse homem. Se Paulinho é a alma, Candeia a memória e Cartola o talento, Hermínio é o coração e as pernas do gênero no país (o samba é tão grande que é só transformando-o em corpo para não nos desbordarmos).

Foi amigo profundo de muitos artistas, os melhores, fez letras geniais, produziu, trouxe nomes fundamentais à tona. No seu extenso hall de parcerias estão monstros como Pixinga, Paulinho da Viola, Elizeth Cardoso, Eltão Medeiros, Nelson Sargento, Cartola e por aí seguiremos. É muito conhecido por seu esforço de juntar a música popular da música erudita (como colocar no mesmo palco a Clementina e o virtuoso violonista Turíbio Santos). Mostrou que a erudição real vem da alma e os rótulos são coisas de dedos presos e gente que não sabe cantar. Enfim, Hermínio é o incansável e flamante batalhador de uma , como dizer, ciência dionísiaca do samba. Mexe com sua história, com seu futuro, com suas composições, compositores e de como anda na sociedade (o samba anda sambando?).

E não é que essa coisa de brógue é democrática, quase comunista? Pois bem, patrocinaram um blog pro Hermínio. Talvez seja um dos melhores na rede. Lá você vai encontrar raridades incríveis, coisas que fazem chorar os gostantes e respirantes da música. Fortunas como fotos do casamento de Cartola e Dona Zica, gravação na casa do cara com Paulinho da Viola e Clementina (essa é incrível!), partituras, letras originais, vídeos e o escambau. É coisa para perder dias e dias.

A cultura não é inacessível. Quase inacessível, no Brasil, é saber aculturar-se.

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